A Aliança para a Saúde e a medicusmundi realizaram, na quinta-feira, 22 de Setembro de 2022, às 18:00 horas, a sexta sessão da II Mostra Internacional de Cinema “ACTIVA-TE”, sobre “A construção de Masculinidades Positivas em Moçambique: desafios e oportunidades”, no Centro de Teatro do Oprimido – CTO, em Maputo.
A II Mostra Internacional de Cinema, que está a ser realizada na zona cimento e subúrbios da cidade de Maputo, para além de algumas instituições de ensino superior, chegou desta vez, na sua sexta sessão, ao bairro de Hulene. Trata-se de uma iniciativa dirigida à comunidade em geral, com o objectivo principal de contribuir para a sensibilização sobre o activismo e o direito à saúde, trazendo à consciência o importante papel que as comunidades, bairros e famílias tem e exercem na promoção da saúde e dos direitos humanos.
Nesta 6ª sessão, foi projectado o filme “INTERVALO”, realizado por Nelson Mabuie e protagonizado por Mariamo Mabuie. Após a projecção, seguiu-se um debate sobre “A construção de Masculinidades Positivas em Moçambique: desafios e oportunidades”, com a presença do seu realizador Nelson Mabuie, do activista social Adão Paia e da moderadora Karina Dulobo, responsável da área de género na medicusmundi.
O filme “INTERVALO” decorre em torno de Mariamo, uma estudante da 5ª Classe que acorda numa manhã e não podia supor que o seu dia escolar fosse completamente abalado. A aluna mais agitada da turma não podia levantar-se da carteira devido à menarca.
“O intervalo que todo o mundo tem entre o período da infância, a adolescência e a vida adulta”.
Nelson Mabuie afirmou que a escolha do título “INTERVALO” para este filme deveu-se ao facto deste nome simbolizar “o intervalo que todo o mundo tem entre o período da infância, a adolescência e a vida adulta; e os dilemas dos papéis que socialmente se devem assumir em cada uma dessas fases, consoante o seu género”.
“Muitas vezes temos uma pressão e expectativas colocadas sobre o que devíamos e não devíamos fazer”.
Na ocasião, o activista social e membro da rede HOPEM, Adão Paia, mencionou que é muito interessante a reflexão que o filme projectado traz na medida em que nos leva a questionar os papéis que são socialmente atribuídos aos géneros, onde muitas vezes o ser pai é entendido apenas como o provedor da família e não na participação total no processo de crescimento dos filhos.
Para Adão Paia, as masculinidades positivas encontram limitação na percepção que temos sobre os papéis que cada género deve assumir. Isto é, sobre as funções e hábitos que um homem e uma mulher, nomeadamente, devem desempenhar, pelo facto de ser homem ou mulher. “Muitas vezes temos uma forte pressão e expectativas irreais colocadas sobre o que devíamos e não devíamos fazer”, afirmou.
Refira-se que a realização desta Mostra de Cinema se encontra inserida na Campanha “Activa-te”, que foi lançada no passado mês de Fevereiro pela Aliança para a Saúde, para a Defesa do Direito à Saúde em Moçambique, nas áreas do Direito à Saúde, Violência Obstétrica, Melhoria dos Serviços a Mulheres Vítimas de VBG, Direitos e Deveres do Doente, Diversidades Sexuais, Masculinidades Positivas, Nutrição e Saúde Comunitária, com foco na obtenção de efeitos positivos para o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde.
Esta actividade foi realizada com o apoio financeiro da Agência Espanhola de Cooperação Internacional para o Desenvolvimento (AECID) nos termos do Convénio 18-CO1-1096 «Melhorar a saúde da população, com incidência nos seus Determinantes Sociais e especial enfoque na nutrição, através do fortalecimento dos Cuidados de Saúde Primários como a melhor estratégia para garantir o Direito à Saúde e a colaboração da sociedade civil, das instituições de pesquisa e do SNS». O conteúdo desta notícia é da exclusiva responsabilidade da medicusmundi e não reflecte necessariamente a opinião da AECID.