A medicusmundi, a Saber Nascer e a Aliança para a Saúde realizaram, na noite do dia 28 de Julho de 2022, no Museu Mafalala, a 2ª sessão da Mostra Internacional de Cinema “Activa-te pelo Direito a Saúde”, que dedicou-se a debater sobre a Humanização Obstétrica.
A medicusmundi, a Saber Nascer e a Aliança para a Saúde realizaram, na noite do dia 28 de Julho de 2022, no Museu Mafalala, a 2ª sessão da Mostra Internacional de Cinema “Activa-te pelo Direito a Saúde”, que dedicou-se a debater sobre a Humanização Obstétrica.
Esta foi a 2ª sessão de um total de 6 sessões que serão realizadas, sendo que cada uma delas é destinada a um tema em específico, com o objectivo principal de contribuir para a educação e sensibilização da cidadania e das autoridades sobre o Activismo e o Direito à Saúde em Moçambique.
Os dois filmes projectados no evento, nomeadamente o filme brasileiro “O Renascimento do Parto” e o Episódio 2 sobre Violência Obstétrica do seriado “ACTIVA-TE”, visavam mostrar as formas como a violência obstétrica pode ocorrer e, de igual modo, dar a entender a importância e a necessidade de haver uma maior humanização no contexto obstétrico.
A sessão, para além de contar com a projeção dos filmes, teve um painel de debate sobre Humanização Obstétrica, que contou com a participação da Activista Social e Directora Executiva da Saber Nascer, Camila Fanheiro, e do Sociólogo e Pós-graduado em Antropologia Médica e Saúde Pública, o Dr. Benjamin Macuácua.
Durante a sua intervenção, Camila Fanheiro referiu que “Moçambique ainda não possui uma lei específica que trata da violência obstétrica.” Segundo esta activista social, em casos deste tipo de violação dos direitos humanos, pode-se recorrer aos instrumentos legais já existentes para tentar fazer um enquadramento para o tipo específico de violência que a mulher ou a rapariga sofreu na unidade sanitária. Camila acrescentou ainda que, fazendo o enquadramento legal, “é possível que os infractores sejam penalizados por negligência, violência psicológica ou até mesmo física, e que essas denúncias podem ser feitas no Gabinete do Provedor, na Polícia, AMOG, Saber Nascer, Associação das Parteiras de Moçambique e na Procuradoria Geral da República.”
No que lhe concerne, o Dr. Benjamin Macuácua apelou às e aos jovens presentes na Mostra de Cinema a serem activas/os e lutarem para tentar mudar a situação, visto que “ainda têm tempo e força.”
Na mesma senda, Camila Fanheiro destacou a necessidade de que este seja um tema discutido com frequência para possibilitar mudanças e pediu o comprometimento das e dos jovens presentes na mostra com a causa: “hoje são meninas e amanhã serão mulheres, é importante que cheguem a essa fase sabendo como lidar com essas situações”, indicou.
A violência obstétrica é um problema de saúde pública que afecta mulheres quando procuram serviços de saúde durante a gravidez e pode originar graves consequências, como o nascimento de crianças com deformações, para além de doenças na mulher, como a fístula obstétrica, depressão pós-parto e, inclusive, a morte.
Refira-se que a realização da mostra de cinema se encontra inserida na campanha “ACTIVA-TE pelo direito à saúde”, lançada no mês de Fevereiro de 2022 pela Aliança para a Saúde, rede integrada por 15 organizações da sociedade civil, para a defesa do direito à saúde em Moçambique, nas áreas de Direito à Saúde, Violência Obstétrica, Melhoria dos Serviços a Mulheres Vítimas de VBG, Direitos e Deveres do Doente, Diversidades Sexuais, Masculinidades Positivas, Nutrição e Saúde Comunitária, com foco na obtenção de efeitos positivos para o fortalecimento do Sistema Nacional de Saúde. A campanha tem o apoio financeiro da AECID, ACCD e Ajuntament de Barcelona.